O sistema monitora os resíduos, desde a geração até a destinação final em aterros sanitários, controlando, ainda, a quantidade e o tipo de resíduo coletado, tratado e descartado.
Falar em sistema de gestão integrada de resíduos é falar em desafios, sempre. Principalmente, no que diz respeito ao tratamento e à destinação final – partes menos visíveis do processo e as que mais impactam a sociedade e causam danos ao meio ambiente quando alguma coisa vai mal.
E é preciso admitir, há questões que não vão lá muito bem. Um estudo feito pelo Tribunal de Contas de Pernambuco – TCE, divulgado em fevereiro deste ano, aponta que apenas 33 dos 184 municípios pernambucanos utilizam aterros sanitários. Os números são praticamente os mesmos de 2014. Em três anos, pouca coisa mudou.
Mesmo com um longo caminho a percorrer, a questão dos resíduos começa a ser tratada com mais seriedade. A iniciativa privada, por exemplo, vem buscando opções para superar os desafios do setor e, nesse empenho de encontrar soluções mais seguras e eficientes, a tecnologia tem sido uma grande aliada.
Um exemplo disso é um aplicativo desenvolvido pela Stericycle Brasil– subsidiária da multinacional de mesmo nome, líder no tratamento de resíduos de saúde. Batizado de ‘Steriwaste’, o aplicativo faz todo o rastreamento dos resíduos geridos pela Stericycle. O que isso significa dizer? Que a empresa passa a ter total controle da quantidade e do tipo de resíduo coletado; se esse resíduo entrou na estação de tratamento (se não houve desvio por algum motivo); quanto desse resíduo foi tratado; o peso gerado após o tratamento; para qual aterro foi destinado; e se chegou corretamente ao seu destino.
“É uma novidade no sistema de controle porque, embora utilizemos coordenadas geográficas, não estamos rastreando o caminhão, mas, sim, o resíduo, que passa a ser monitorado desde a coleta até a destinação final. Através do ‘Steriwaste’, conseguimos provar que o resíduo que retiramos de um certo hospital foi realmente tratado e destinado corretamente. Dessa forma, a gente traz mais transparência para o cliente, para a sociedade e para os órgãos reguladores, oferecendo um serviço de qualidade, mas sempre atento à legislação e ao cuidado com o meio ambiente”, afirma o Diretor de TI da Stericycle América Latina, Bruno Guiss.
A Stericycle é a primeira a inovar automatizando esse processo que, em muitos lugares, continua sendo realizado de forma manual. “Todo mundo fala que tem esse controle e pode-se dizer que, teoricamente, tem mesmo, porém, ele é feito através de manifesto de transporte de resíduos, o MTR, que é um processo manual, passível de erros, e que não tem como ser checado, verificado ou comprovado”, garante Guiss. “De forma manual, como eu posso ter certeza que o resíduo não está sendo desviado para outro estado, depositado clandestinamente em lixões ou mesmo indo para o aterro sem o devido tratamento?”, indaga.
Foi exatamente essas indagações que fizeram a Stericycle investir no aplicativo. A ferramenta começou a ser desenvolvida em 2015 e passou a ser utilizada no início desse ano em Pernambuco. Até o final do ano, deve estar em funcionamento em todas as unidades da empresa no Brasil. “Quando começamos a desenvolver o sistema, ainda não havia esse ‘boom’ de aplicativos para smartphone, mas, na época, essa nos pareceu a melhor solução, já que todos os nossos motoristas já utilizavam um celular para falar com a base. Por que não, então, ampliar a utilização desses aparelhos?”, justifica Bruno Guiss.
Quando perguntado o que a Stericycle espera a partir de agora, com a utilização do ‘Steriwaste’, Bruno Guiss é enfático: “Que o sistema traga mudanças na qualidade e no controle efetivo dos resíduos, não apenas nos que são tratados pela nossa companhia, mas alavancando outras empresas do ramo, incentivando-as a fazer o mesmo, pois é isso que a inovação faz: ela puxa os concorrentes e faz com eles trabalhem da mesma forma, e aí, nós inovamos de novo. Nosso interesse é contribuir para vencer os desafios que o Brasil ainda tem no setor de resíduos”.